sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Resenha: Cravos - Julia Wähmann

Título: Cravos
Autora: Julia Wähmann
Páginas: 144
Editora: Record
Ano: 2016

Poemas, poesias, literatura nacional

A experiência da leitura deste livro aproxima-se à de um balé do qual se faz parte como espectador bailarino, deslizando-se da densidade de um encontro incendiário às lágrimas que inundarão os olhos em horas impróprias. Uma voz fala de contatos intermitentes (em palcos e na vida) como quem divide segredos e confessa um atraso. Mas, quando se expressa, reorganiza o tempo e já não há espaços vazios. Mesmo quando as engrenagens do corpo rangem, uma desmedida de afetos inventa o possível no romance impossível. Suspendem-se assim os hiatos entre a mulher de dedos longos que contam notas de dinheiro encharcadas e o homem que enxerga ali uma dança de Pina Bausch – e entre eles e nós.
Julia Wähmann é escritora e colunista do coletivo Ornitorrinco. Formada em designer gráfico, trabalhou na área de moda e no mercado editorial. Cravos é seu livro de estreia na Editora Record.

Não se sabe quem narra. Não nos é dito nomes, idade ou aparência. Sabemos que é uma mulher e que ela gosta de dança, ama uma pessoa não pode ter e sofre com isso. Pode ser que ela não tenha ficado esperando, mas a todos os dias ela pensou nessa pessoa.

Ela se submete a cada situação para passar o mínimo de tempo com ele. Aconchegar seu corpo em seus braços e ver o seu sorriso encantador. Aquele tipo de sorriso que mesmo depois da maior merda feita, conquista qualquer mulher - ou, ela, tão submissa a ele internamente. 


Ela se anula, anula suas vontades, anula sua personalidade e bem estar para favorecer a ele. Ela deixa que ele jogue seu charme para cima dela, mesmo depois de tê-la magoado. É um lance cheio de indas e vindas, ele sempre ia, até que ela resolveu ir, e mesmo assim, ela sentiu como se ele que a deixasse (de novo).

É muito bonito da parte dela persistir nesse amor que ela sente, embora pareça que ele não sinta nada além de paixão. Sinceramente, achei um pouco pedante da parte dela se deixar levar por todo esse caso romantizado. Até metade do livro a odiei por parecer tão frágil diante dele, e o odiei ainda mais por não tratá-la da forma que ele mereceria.


É quase um diário, com textos de como foi seu dia, como é sua torina, e ao longo do dia como ela pensou nele ao ver uma cena boba. É uma garota que gosta de dança e que a experiencia de uma forma única, a cada movimento seu, a cada visão pela janela, a cada observação de alguém na rua. Ela deixa-se levar pela sensação que os bailarinos a causam. 

O nome do livro faz referência a uma peça em alemão. O elefante na capa faz alusão a um filhote que se jogou de um trem ou ponto, não sei ao certo, pode ser invenção minha, ou imaginação da própria personagem.


Cravos é um livro poético, feito por uma mulher que é feita de poesia, que gosta de poesia. Ela se apega aos detalhes e descreve os movimentos do balé tão expressivamente que podemos nos sentir na platéia, ou, se nos permitirmos, na própria dança.

É um livro curto, fácil de ler, melhor que seja de uma vez para não se perder nos acontecimentos que se fazem presentes em apenas uma página, e muitas vezes várias páginas de apenas uma linha. Seu primeiro romance, que a princípio pareceu um livro de poesia e contos.

 

A partir do meio eu gostei mais, embora tenha ficado mais abstrato. Quase sentimos o que a personagem sente nos seus momentos de inspiração. Este é um livro que valha a pena ler, se você perdoar a personagem por sua insistência nesse amor. E você, o que achou? Leria este livro? Deixe um comentário! 

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