segunda-feira, 24 de outubro de 2016

3 Motivos para ler George, de Alex Gino

Título: George
Autor: Alex Gino
Tradução:
Páginas: 144
Editora: Galera Júnior
Ano: 2016

Seja quem você é. Quando as pessoas olham para George, acham que veem um menino. Mas ela sabe que não é um menino. Sabe que é menina. George acha que terá que guardar esse segredo para sempre: ser uma menina presa em um corpo de menino. Até que sua professora anuncia que a turma irá encenar “A teia de Charlotte”, e George quer muito ser Charlotte, a aranha e protagonista da peça. Mas a professora diz que ela nem pode tentar o papel porque... é um menino. Com a ajuda de Kelly, sua melhor amiga, George elabora um plano. E depois que executá-lo todos saberão que ela pode ser Charlotte — e entenderão quem ela é de verdade também.
George é um livro que está todo mundo lendo, mas, o que esse livro tem de tão especial? Que tal descobrir agora? Resolvi listar apenas 3 motivos para que você queira ler George, vamos lá!


George é uma garota!

George tem 10 anos, e nasceu biologicamente como um menino e as pessoas passaram a tratá-lo desta maneira. Mas mesmo quando era menor, George sentia-se uma garota. Ela gostaria de fazer coisas de garotas, colocar roupas de garotas e ser quem ela realmente é. Quando ela olha para seu corpo, sabe que tem algo errado, o que está no meio de suas pernas não a pertence. Embora seja uma criança, George tem pleno conhecimento que ela é uma garota, são pensamentos ingênuos, nada libidinoso ou sexual, e isso foi o que me conquistou neste livro. Ela guarda esse segredo por muito tempo, até sentir-se confortável para falar com alguém sobre. 



Kelly é uma super amiga

George tem uma melhor amiga, Kelly, que não sabe do seu segredo. Kelly apoia George no que ela precisar. Mesmo que George dissesse a Kelly que é uma garota, ela continuaria a gostar dela. Kelly está sempre lá para o que a amiga precisar, é a típica pessoa que você gostaria que estivesse ao seu lado. Quando George diz que quer fazer o papel de Charlotte na peça da escola, é Kelly que ajuda a bolar um plano para que a amiga consiga o papel.



George nos mostra como lutar

George quer fazer o papel de Charlotte na peça da escola, mas não pode fazer o teste pois é um menino. Mesmo com todos dizendo que os meninos só fariam o teste para um personagem masculino, George persevera e faz de tudo para fazer o teste. Com ele, aprendemos que devemos tentar ao máximo, mesmo que as chances sejam pequenas. 


George é um livro bem escrito. Conseguimos imaginar o que uma garota sente presa ao corpo de um menino. É preciso falar sobre crianças transgêneros, é preciso discutir esse tema.  A forma em que a transgeneridade é abordada aqui é muito ingênua, da forma que uma criança pensa, inocente, sem malícias. 


No início ficamos confusos com o tratamento que o narrador dá a George. Os pronomes estão no feminino, mas as pessoas tratam George como menino, afinal, não sabiam o que ela realmente sentia. Ao longo do livro vamos acostumando e acabamos por também tratar George no feminino, da maneira que ela gostaria que a tratássemos. 


E então, ficou com vontade de ler este livro? O que achou? Deixe seu comentário!

domingo, 9 de outubro de 2016

Dica de Leitura: Diário de Andrés Fava - Julio Cortázar

Título: Diário de Andrés Fava
Autor: Julio Cortázar
Tradução: Mario Pontes
Páginas: 128
Ano: 2016
Editora: Civilização Brasileira

O ponto de partida para o melhor Cortázar, com seus símbolos e enigmas Diário de Andrés Fava é composto de pequenas observações, anedotas, relatos brevíssimos, citações, diálogos, formando o que o próprio autor mais tarde chamaria de miscelânea como ele denominava livros como Histórias de cronópios e de famas, A volta ao dia em 80 mundos e Um tal Lucas. Foi escrito em Buenos Aires em 1950, concebido como parte do romance El examen, no qual o intelectual portenho Andrés Fava é personagem. Diário é, também, o ponto de partida para o melhor Cortázar, com seus símbolos e enigmas, os mesmos que fizeram do autor de O jogo da amarelinha um poeta em que a metáfora conviveu sempre com uma imaginação radical, imensa paixão literária e irreverente bom humor. Quem conhece a obra de Cortázar reconhecerá neste livro as questões que o atormentaram até a morte, os autores que o ajudaram a esclarecê-las e, sobretudo, seu estilo original e inconfundível, que salta do grave ao cômico, do anedótico ao reflexivo, com a desenvoltura de um improviso jazzístico, multiplicando surpresas que iluminam ao mesmo tempo a literatura e a vida.

Informações importantes: 

Julio Cortázar é um dos grandes autores latino-americanos, muito lido nas universidades e sempre com um público jovem interessado na sua obra. Inspirou vários filmes, entre eles, Blow-Up – Depois daquele beijo, de Michelangelo Antonioni, e Week End, de Jean-Luc Godard.

Diário de Andrés Fava foi escrito em Buenos Aires em 1950, como parte do romance El examen, no qual o intelectual portenho Andrés Fava é personagem. Faz pouquíssimas referencias aos incidentes e personagens do romance, porém é rico em elementos autobiográficos e em reflexões expressas com humor e melancolia, em torno de questões éticas, estéticas e literárias que preocupam Cortázar durante toda a vida. 

O diário foi excluído do corpo do romance, mas Cortázar o conservou cuidadosamente, como todos os textos que considerava "prontos" e dignos de serem publicados em algum momento. 


Por se tratar de um diário, há muitos devaneios e somos levados pela mente do eu-lírico. Entramos em mundo cheio de ideias que fluem a todo instante, diferentes imagens que se chocam e causam êxtase no leitor. 
Ainda sobre o suposto "sofrimento" do escritor: se de fato tens de sofrer, que não seja por causa do que escreves, mas como o fazes.
Há resenhas e críticas a livros que o narrador leu, filmes que viu. Há citações de escritores que Cortázar admira e de quem obteve influencia para seus escritos. Há muitas referencias a poemas e trechos de livros antigos, alguns dos quais nem foram publicados no Brasil.

Assim, não há outra saída a não ser elevar a linguagem até que alcance a autonomia total. Nos grandes poetas, as palavras não levam consigo o pensamento; são o pensamento. Que, claro, não é mais pensamento, e sim verbo.

Há períodos em que o leitor se perde em meio a dor e sofrimento do eu-lírico. Muitas passagens em que nos identificamos com a agonia e cólera do personagem. Somos bombardeados com frases vindas do âmago do autor, seus pensamentos mais profundos.
Num diário de vida, não se contam as mortes.

Entramos em um universo, que muitas vezes não somos capazes de identificar o que está acontecendo. Somos levados a ler até que algo faça sentido e retomemos o fio da meada. Para quem não leu o romance do qual este diário se originou, fica ainda mais difícil. E principalmente para quem não se foca nos detalhes, se perder é bem fácil.
Escrever o romance do nada. Em que tudo jogue de tal modo que o leitor possa perceber que o horrível tema da obra é não ter tema.
Esse é um livro curto, que vale a pena ser lido. Para se refletir sobre os temas nele abordados e para dar aquele leg no seu cérebro. E você, o que achou? Gostaria de ler esse livro? Deixe sua opinião nos comentários! 

sábado, 8 de outubro de 2016

Resenha: Primeiros Contos de Truman Capote

Título: Primeiros Contos de Truman Capote
Autor: Truman Capote
Tradutor:Clóvis Marques
Páginas: 160
Ano: 2016
Editora: José Olympio
Contos/Literatura estrangeira

Reunião de contos inéditos, descobertos em 2013, na Biblioteca Pública de Nova York. Textos curtos e fortes, que já demonstram o talento para narrar histórias e a capacidade de empatia do autor, que se tornaria um dos mais importantes escritores do século XX com os emblemáticos Bonequinha de luxo e A sangue frio. Se os contos encontrados neste livro pudessem ser lidos como cinema, nos remeteriam aos filmes de Lucrecia Martel: as cenas são cotidianas e quase banais, mas ao entrar nas histórias, a sensação é de uma constante tensão. A atenção ao detalhe pareceria sem importância se não fosse um dos motores para sentirmos uma catástrofe iminente, que pode ser desencadeada a qualquer momento ou até não acontecer. De todo modo, ficamos muito próximos dos personagens e nos identificamos com eles, como se o autor tocasse na vida sem tentar explicá-la. Bonequinha de luxo foi adaptado para o cinema em 1961.

A atuação de Audrey Hepburn tornou a personagem inesquecível e seu criador, Capote, mundialmente conhecido. Com tradução bem-cuidada de Clóvis Marques, o livro contém prefácio do escritor, crítico e colaborador da revista The New Yorker Hilton Als.


Está claro que os Primeiros Contos de Truman Capote são mesmo primeiros contos. São contos bem desenvolvidos com escrita que remete aos contos mais maduros do autor. Embora seja principiante, Capote demonstra uma sabedoria inata ao formar frases impactantes na forma em que narra os acontecimentos.
Os manuscritos representam uma rara oportunidade de avaliar como um escritor de dons inatos excepcionais ainda precisa se aperfeiçoar. David Ebershoff, Random House. 
Nos contos, o autor narra o que vê, nunca o que sente. Ao contar as história, se vale de desvios para sondar o próprio coração. Ele tenta adivinhar o que o personagem sente, em vez de tentar se colocar ao lugar dele, como em alguns contos em que as protagonistas são negras.

A maioria dos jovens autores começa reproduzindo na página escrita alguma versão de si mesmos. David Ebershoff, Random House.
Capote por ser homossexual, tenta encontrar um lugar em que se encaixe, tal qual seus personagens. Ele contempla seus personagens como se fosse um espelho, a citar Louise, uma mestiça em colégio de brancos, e Lucy, uma negra nascida em clima quente tentando se acostumar ao clima frio de Nova York.
Capote contemplando os outros, em vez do espelho, como se já soubesse que a empatia viria a se tornar um elemento central de sua arte. 

Os contos são curtos, com frases claras e imagens precisas, linguagem ao mesmo tempo vigorosa e leve. Há um olhar cinematográfico na escrita de Capote, que faz com que imaginemos a cena a medida que é descrita. 
Quatro cadeiras e uma mesa. Na mesa, papel - nas cadeiras, homens. Janelas dando para a rua. Na rua, gente - batendo nas janelas, chuva.
Nesses contos há uma pitada de sombrio, como se a qualquer momento algo ruim pudesse acontecer - e acontece. Isso é causado devido a atenção que Truman dá aos detalhes, o que nos deixa atentos para uma catástrofe iminente. 

Alguns dos contos são observações feitas por alguém, é como se sua vida fosse observada e recontada, e você não fosse o protagonista da sua própria história. A breve história de mulheres negras é narrada, sem a preocupação com o que elas estão sentindo e sim com o que elas parecem sentir. 
Sentiu como se talvez tivesse nascido para ser solitária, exatamente como certas pessoas nascem cegas ou surdas.

São história de amor, de perdas, despedidas, mortes (e muitas), saudades, arrependimentos. Histórias que mereciam ser contadas. Histórias que nos fazem refletir e que nos desperta o desejo de querer mais, de saber como aquele casal estaria 30 anos depois e como aquela história terminou. 
Agora que estava quase lá, não queria mais caminhar. Enquanto não tivessem de fato se despedido, ele ainda era dela. Então sentou-se na macia relva da noite à beira da estrada a esperá-lo.
Nos é contado apenas o que se viu, apenas o fato que culminou na história. Não se fala o final, não se conta o que se sucedeu. Ficamos á deriva num mar de histórias sem um final, e é exatamente por isso que cada uma das histórias dos contos é linda.
Lia bastante poesia, mas não entendi muito do assunto, apenas gostava do som das palavras e às vezes dos sentimentos por trás delas.
Este é um livro que deva ser lido e apreciado. E você, o que achou? Se interessou pela história? Deixe um comentário!

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