quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Extensivão ENEM - Simbolismo






Simbolismo (1893 - 1902)



Teve início no Brasil em 1893 com a publicação de dois livros. "Missal", prosa poética, um texto corrido com muita metáfora que lembra a poesia; e "Broquéis", poesias, ambos do escritor Cruz e Souza. (Sim, é uma pessoa só).
É o oposto do Parnasianismo, só que há uma característica que os liga: ambos adoram a linguagem rebuscada. Também são frequentes características do Romantismo nesta estética. O simbolismo surgiu na França, fruto dos trabalhos de Sigmund Freud, que estudou o inconsciente e a captação do eu profundo. 


Charles Boudelaire escreveu a Teoria dos Correspondentes. A natureza está cheia de simbolismos, e este tem uma linguagem que sugere, não é direta e clara. A realidade é explicada pelos sentidos.
Explica que a natureza é símbolo, é metáfora de sentimentos humanos.


Mallarmé dizia que a linguagem não deveria explicar nada diretamente, e sim sugerir uma atmosfera ao leitor. A linguagem é ambígua, para dar dicas ao leitor, usavam palavras com letra inicial maiúscula dentro do texto. As letras maiúsculas indicavam a palavra chave, mesmo no meio do verso, as pistas ajudavam no entendimento. Eram literalmente, símbolos.

Paul Verlaine queria aproximar o máximo possível da poesia, a música. "Antes de qualquer coisa, a música". Na poesia simbolista, há musicalidade, conquistada por meio da aliteração (repetição de consoantes) e assonância (repetição de vogais), e também das rimas. Há ainda, presença de instrumentos musicais.


Trecho: Violões que Choram


Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.


Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.

Que esses violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho
Almas que se abismaram no mistério.

Sons perdidos, nostálgicos, secretos,
Finas, diluídas, vaporosas brumas,
Longo desolamento dos inquietos
Navios a vagar a flor de espumas.

Oh! languidez, languidez infinita,
Nebulosas de sons e de queixumes,
Vibrado coração de ânsia esquisita
E de gritos felinos de ciúmes!





A música seria uma forma de suprimir a dor, e a musica foi uma das formas que os simbolistas encontraram para tal. em "Violões que Choram" é possível notar que o poeta deu valor à forma do poema, perfeita. Conduz o leitor a outros elementos além dos violões, ligados ao som, e a dor. Ele compõe um universo de imagens poéticas em sequência, que parecem acompanhar o ritmo de violão que toca. Os sons dos violões sugerem tristeza, lamento, choro, associado a toda angústia do homem.


O objetivo dos simbolistas era atingir o íntimo, o lado espiritual, a alma do ser humano, ou seja, o lado transcendental, o metafísico (aquilo que ultrapassa os limites do mundo material). Não se preocupam com o mundo material, pois o corpo aprisiona a alma, que só se libertará com a morte, assim como os poetas românticos do Mal do Século.


Há a presença da religião e de objetos sacros, sagrados, como cálice, cruz, grinalda, véu etc. A morte, tristeza, angústia e solidão também aparecem e muitas vezes são temas dos poemas. "Viver é sofrer".
Não há crítica social, e a mulher é sublimada, comparada a uma santa.


A natureza é soturna, a escuridão está relacionada à vida, que é cruel. Aparecem palavras que remetem a noite, escuridão. Em contrapartida, usam muito da cor branca, para mostrar a pureza do espírito, nas poesias, alcançada com a morte.


Há o uso da sinestesia, figura de linguagem que designa a união de sentidos diferentes. Os poetas percebem o mundo pela intuição, pelos sentidos. As pessoas deveriam sentir a poesia, e não entendê-la. Os simbolistas queriam explicar o inexplicável. 


Cruz e Souza, fora apaixonado pela cor branca. Em seus poemas, foram contadas mais de 150 palavras que remetem à cor.
Alphonsus Guimarães tinha duas paixões: a virgem maria. E sua noiva, Constança, que morreu aos 18 anos.


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Extensivão ENEM - Parnasianismo






Parnasianismo (1882 - 1902)



No Brasil, teve seu início em 1882, com a obra "Fanfarras", de Teófilo Dias.
A palavra parnasianismo, provém de Párnaso, lugar da Antiga Grécia habitado por deuses, onde os poetas buscavam inspiração. Os poetas parnasianos desejavam fazer um poema belo, perfeito, como uma joia. A forma do texto é valorizada e a linguagem elaborada.


"Invejo o ourives quando escrevo."

"Quero que a estrofe cristalina
Dobrada ao jeito
do ourives. sai da oficina
Sem um defeito"

Olavo Bilac.


Eram comparados com Ourives, aquele que faz jóias, por tamanha perfeição dos poemas.
O lema dos parnasianos é "Arte pela Arte", isso significa que essa poesia desempenham uma função utilitária, e sim estética, ou seja, a poesia parnasiana se preocupa em primeiro lugar com a beleza do texto com a escolha das palavras mais belas, mais raras, muitas vezes procuradas em enciclopédias. Preferem o uso de soneto, já que é um clássico, além de rimas perfeitas, ricas e preciosas.
Foram chamados de poetas em torre de marfim, pois a linguagem que usavam não era compreendida pelos reles mortais, e a realidade que declaravam não era a mesma do Brasil.


Os parnasianos retomam o conceito clássico de beleza, ou seja,  são influenciadas pelos clássicos da antiguidade, por isso, nos textos parnasianos há a presença de paganismo, da mitologia, , do antropocentrismo (valorização da vida material, mundana), uso de uma linguagem culta, elegante, mas sem enfeites, "elegante na simplicidade". Os poetas usavam da Impassibilidade Poética, em que os poetas não demonstravam paixões ou emoções, somente o uso da razão era ´permitido´.


Os parnasianos preferem a ordem direta (SUJEITO+VERBO+COMPLEMENTO) e as comparações, pois são mais claras do que as metáforas. A poesia parnasiana dá trabalho, não é fruto de inspiração, é um trabalho suado, intelectual, braçal, racional. A poesia parnasiana quer se aproximar o máximo possível das artes plásticas, para tanto, usam a descrição. O poeta trabalha, teima, lima, sofre e sua.



"Porque o escrever - tanta perícia
tanta requer
Que ofício tal ..nem há notícia
de outro qualquer"

Olavo Bilac.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Extensivão ENEM - Realismo/Naturalismo




Realismo/ Naturalismo (1881 - 1902)


Há uma diferença entre Realismo e Naturalismo. A segunda Escola Literária é uma extensão da primeira. Porém, na França, surgem com 11 anos de diferença, o Realismo surge com a publicação do livro 'Madame Bovary" de Gustave Flaubert. Alguns anos depois, surge o Naturalismo - continuidade do Realismo - com a publicação de "Thérèse Raquin" deo escritor Émile Zola.

O Realismo e Naturalismo chegam no Brasil em 1881, com a publicação de dois livros:

- "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis → Livro Realista.
- "O Mulato" de Aluísio de Azevedo → Livro Naturalista.

Os poetas buscavam se ater somente aos fatos, aquilo que realmente acontecia. Isso significa que não deve haver fantasia, sonho, imaginação na literatura. O escritor deve observar a realidade para mostra o que nela há de errado, ou seja, fazer crítica social, denunciar as mazelas da sociedade.

 "É preciso de manter no campo dos fatos, nada mais que dos fatos" Eça de Queirós. 

Não há mais espaço para a imaginação, pois no fim do século 19, surgiram muitas teorias científicas que abalaram as convicções românticas. Com a ciência explicando os fatos, o sentimentalismo, a idealização, a imaginação, a fantasia perderam espaço.

Importantes Teorias Científicas:
- Nasce o Positivismo, segundo Comte, é preciso Ordem para ter Progresso, lema da bandeira do Brasil.
-A Teoria Determinista de Hippolyte Tainé, tenta descobrir o que determina a conduta do indivíduo, e chega a seguinte conclusão:"O home é produto do meio, da raça e de seu momento histórico".

Características Gerais

Apresenta crítica social: à burguesia hipócrita. Crítica ao casamento, que na aparência era correto, moral, mas na realidade era uma mentira, com adultério. O casamento é uma instituição falida. A mulher trai, visto que no romantismo a mulher era submissa. Crítica ao homossexualismo, visto naquele época como doença biológica, um desvio de conduta que deveria ser curado. 
Há crítica ao jogo d interesses. 

Presença do Antropocentrismo, o homem é o centro do mundo. Racionalismo, apego ao mundo material e á razão. A linguagem é objetiva, sem muitas metáforas, direta. Há a descrição, caracterização dos personagens, lugares. Portanto, há uma lentidão narrativa devido ao excesso de adjetivos.

Romance Realista

O romance realista não se deixa influenciar pelas teorias científicas (determinismo etc). É um romance documental, apenas registra o que vê de errado (não escreve quando está correto, moral)
O personagem é bem construído, é como uma pessoa comum. Enquanto o ambiente é burgues e fino, a pessoas são mais cultas. Assim como a linguagem, culta, mais fina. Chamada de linguagem polida.
O escritor faz análise psicológica dos personagens, ele diz o que ela pensa, caracteriza o ser dela, sua índole, analisa o emocional e os sentimentos. é possível observar a presença do psicológico.

Autores e Obras:



Machado de Assis
"Dom Casmurro"
"Quincas Borba"
"O alienista"
"Missa do Galo"
"A cartomante"
"Memórias Póstumas de Brás Cubas"




Raul Pompéia
"O Ateneu"
"Crônica de Saudades"


Romance Naturalista

É influenciado pelas teorias científicas. É um romance de tese, argumenta a fim de provar que o meio, a raça, corrompe o homem. O ambiente é pobre, sujo, nojento e as pessoas são simples, não letradas, é o verdadeiro povo. De tal modo que a linguagem é chula, vulgar.
Não há análise psicológica, é analisado somente os fatos externos, com uma análise superficial. Aqui, observa-se a presença do fisiológico, biológico, carnal.


Autores e Obras:

Aluísio Azevedo

"O Cortiço"
"O Mulato"
"Casa de Pensão"

Outros:
Julio Ribeiro
"A Carne"

Adolfo Caminha
"O Bom Criolo"

Ingles de Souza
"O Misseionário"

Gostaram? Isso é o essencial para se fazer uma boa prova. Até amanhã!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Extensivão ENEM - Romantismo


Romantismo (1836 - 1881)

É uma Estética Literária, um movimento que surgiu no Brasil em 1836. Produziu-se poesias, romances, contos, teatros e algumas crônicas. Seu início foi marcado quando Gonçalves de Magalhães viajou para França e descobriu o movimento que já era praticado lá. Escreveu "Suspiros Poéticos e Saudade", seu primeiro romance, o qual introduziu a estética no Brasil.
Está diretamente ligado com os sentimentos, é a primeira escola literária da era nacional Brasileira. Quinhentismo, Barroco e Arcadismo estão no período colonial brasileiro. A revolução Francesa gerou a ascensão da burguesia, onde o lema era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". E teve grande influência no romantismo, deixou o legado da liberdade do ser humano, do indivíduo, em que a Aristocracia perde seu espaço e é a Burguesia que assume o eixo. Enquanto aqueles liam obras enormes, estes se ocupavam do comércio, portanto tinham pouco estudo. Então, fora criado o Romance, livro com linguagem elaborada para que os burgueses pudessem entender. Os autores expõem suas críticas e visões de um modo que não havia ocorrido ainda na literatura brasileira.
A chegada da família real, em 1808, mudou o centro econômico, que sai de Minas Gerais e vai para Rio de Janeiro, na cidade Petrópolis, região serrana do rio.

O período quer mostrar a paixão, e o apego que temos pela terra, o Nacionalismo. Essa ideia é tão grande, que a partir do século 19, é criado o hino nacional brasileiro. O escritor abre o coração, fala de seus sentimentos. Usa de versos livres (de diferentes tamanhos) e de versos brancos (sem rima).
Há o Nacionalismo Ufanista, com a valorização do país. Foram cerca de 300 anos de prisão, e após o Brasil ser liberto, há o amor exagerado por sua pátria, eles só veem o lado bom do país.

O romantismo é dividido em três gerações, são elas: Nacionalista ou Indianista, Mal do Século ou Ultrarromantismo e o Condoreirismo.

Nacionalista ou Indianista

O século 19, era muito comum os filhos de fazendeiros irem estudar na Europa, e devido a isso, sentiam saudade das terras brasileiras, de tal forma expressa nos poemas. Tentaram criar uma identidade nacional, e também criar um herói, alguém que represente o povo e a nação brasileira. O índio e a natureza são temas principais. A religiosidade também aparece, a fim de entender o que acontece após a morte e o que ela significa.
O amor é impossível, não se concretiza, o poeta tem uma musa inspiradora, ele vive, respira e transpira por essa mulher, mas ele não a toca, ele não a tem.

Gonçalves Dias


Canção do Exílio.
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.



Gonçalves estava estudando na Europa mas sentia falta do seu mundo, está exilado, longe de sua terra e então escreve esse poema. Tão importante, que tal trecho foi para no hino nacional brasileiro, o símbolo da nação. Mostra além da saudade que tem pela sua terra, como também a simbologia que se cria pelo povo.


Ainda Uma Vez Adeus
Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti! 


No poema, a mulher está sempre acima do homem. Porém, na vida real, a mulher dependia do marido, e se submetia a ele. A mulher é idealizada, branca, olhos claros, o homem reverencia a mulher amada. Com padrão de beleza europeu, a mulher é símbolo de amor, pureza, inocência, religião e moral. Afinal, os poetas deveriam dar o exemplo de mulher.


Mal do Século ou Ultrarromantismo

O verdadeiro mal do século era a tuberculose, grande parte dos escritores morreram jovens por conta da doença, naquela época, incurável. O mal do século era maior entre os poetas, os quais viviam depressivos, muitos estavam insatisfeitos com a vida e pensavam que a morte era a liberdade. Por esse motivo, fugiam para sua infância, passavam a madrugada bebendo ou em orgias.

Em seus poemas, reviviam momentos bons da vida e buscavam a morte, pois estavam influenciados pelos poetas ingleses, especialmente Lord Byron, que escrevia poesias melancólicas, sombrias. Por outro lado, viviam introspectivos e queriam fugir do local hostil que estavam. A vida era um sofrimento. Por isso buscavam fantasiar aquilo que não tinham, a mulher amada é um exemplo, esta é chamada Fuga da Realidade.

Álvares de Azevedo


É o mais importante poeta da Segunda Geração. Foi um dos grandes leitores de Lord Byron. Escrevia poesias com o tema de amor e morte, poemas repletos de sentimentalismo. Porém não ficou preso à isso, escreveu também poesias irônicas que remetem e antecipa de certa forma a poesia modernista. Tais poesias não se encaixam exatamente no romantismo.
É um poeta tímido, mas o mais macabro e sombrio. Morreu cedo como todos os outros romancistas.

É ela.
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela.

Há a presença do verbo em primeira pessoa, o eu demonstra o individualismo e o egocentrismo. A imagem da mulher é romântica e idealizada, pura. No último trecho faz uma crítica ao romantismo, quebrando a imagem da mulher ao usar o termo lavadeira.

Poeta Moribundo.
Poetas! amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!
Façam dela uma corda, e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!


O poeta tem um visão pessimista do mundo, a morte é uma expressão de sofrimento ao mesmo tempo prazerosa. No restante do poema, afirma o inferno seria um lugar bom porque tem a presença de mulheres. Além das palavras 'feias'.


Casimiro de Abreu


O tema de suas poesias era o amor e o medo, falava da sua infância e da saudade da família, já que hoje vive em solidão e tristeza pela falta que a infância lhe faz, a linguagem torna-se infantil, meiga e carinhosa. 

Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Em seus poemas, há presença de vocativos, interjeições, exclamações e reticencias, a exemplificar o sentimentalismo. A nostalgia, o saudosismo, da mãe, irmã e do lar, tornou-o o poeta da  'aurora da vida', do tempo perdido e das emoções da meninice.

Amor e medo
Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
- "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"


[...]

Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.


O poeta está triste e a natureza também está. É um amor romântico idealizado, que não deu certo porque ele não vai até a mulher por ser tímido demais.


Fagundes Varela


Conhecido como o poeta de transição da segunda para a terceira geração. Fala de escravos, e por ser amigo de Castro Alves, as más línguas dizem que ele copiou ideias do amigo.
Antecipou o tema da escravidão, muito trabalhado posteriormente por Castro Alves na terceira geração.
Sua poesia também é mascarada pela morte, em muitas delas, o poeta faz homenagem ao filho que morreu ainda bebê. 


Cântico do Calvário
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. - Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, - a inspiração, - a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto - caíste! - Crença, já não vives!

Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!


Tal poema trata-se de uma elegia, poema fúnebre ou simplesmente melancólico. Além da beleza dramática das metáforas, que parecem antecipar a linguagem poética do Simbolismo, há a sinceridade do sofrimento paterno. Faz uso da hipérbole no trecho mar de angústias, a vida é cinzenta, triste, fria. A pomba predileta seria uma metáfora para seu filho. Nem mesmo no mal do século escapou-se o nacionalismo, em a pátria.

Junqueira Freire


Passou tempos de sua vida em um mosteiro, ao 18 anos tornou-se monge. Passou 4 anos da vida na igreja e ficou dividido entre a vida religiosa e espiritual. Morreu aos 23. Saiu do mosteiro decepcionado com a vida que teve e com o que viu.
Escreveu dois livros em um ano, foram inspirados em suas experiencias monacais. "Inspirações do Claustro" e "Contradições Poéticas"


Morte
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dous fantasmas que a exigência formam,
— Dessa alma vã e desse corpo enfermo.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada,
Tu és a ausência das moções da vida,
Do prazer que nos custa a dor passada
.

De um lado, o poeta afirma que seu lado religioso se deve ao ensinamento de sua mãe, ao passo que sua falta de fé se deve aos seus estudos filosóficos que matavam a sua crença, como bem mostra o prólogo de seu livro “Contradições poéticas”:

Este livro é a história de minha vida. Uma educação cristã, porém livre, que minha mãe soube dar-me (...) As minhas poesias ortodoxas, portanto, pertencem à minha mãe. São sua inspiração. (...) À proporção que estudava, ia-me tornando mais filosófico, isto é, mais vaidoso, mais ignorante, mais incrédulo. As minhas poesias filosóficas pertencem a esses acessos de loucura.”



Condoreirismo

Condor era um pássaro que habitava a Cordilheira dos Andes. Por voar alto, representa a liberdade, a essência das poesias desta geração.
O poeta mais importante é Castro Alves, chamado de "Poeta dos Escravo", pois cantou a liberdade dos negros escravos e de toda uma nação brasileira, do povo. Não se algemou à esse tema, suas poesias também falavam de amor e colocou a mulher negra como centro do poema, contrariando a visão daquela época. 
A descreveu como pura, desejada e mais tocável, a tirou do altar e a aproximou do sensual. A mulher, descrita nas duas primeiras gerações é intocada e inatingível. Já na terceira, Castro Alves descreve uma mulher mais próxima da realidade, de carne e osso.
Segundo ele, a liberdade é atingida através do conhecimento.

Castro Alves




Navio Negreiro
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...


Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!


A paisagem, céus e mares fazem contraste ao negro. Sofrimento daqueles que derramam sangue ao luar. A linguagem dele é eloquente, pois usa muito vocativo e as palavras são bem elaboradas e inflamadas, marca de Castro Alves, diferente da linguagem da primeira geração.

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Espero que o post não tenha ficado muito longo, e pra não ficar muito cansativo, a análise da prosa romântica será em um outro post. Dúvidas, comentários ou sugestões serão sempre bem vindos! Abraços.


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